Na próxima quinta-feira, 2 de novembro, é Dia dos Finados. A data, que também é conhecida como o Dia da Saudade, aumenta as expectativas dos vendedores ambulantes que ficam em frente aos cemitérios e aproveitam a ocasião para aquecer as vendas de flores, velas, água e a prestação de serviços voltados para a limpeza dos túmulos dos entes queridos.
A diretora do Procon Assembleia, Mileide Sobral, orienta cautela aos consumidores na hora de comprar ou contratar os serviços que vão atender especificamente essa data.
“Recomenda-se sempre a pesquisa dos preços praticados pelo comércio para flores, velas, vasos e coroas, que são adquiridos em grandes quantidades nessa época para homenagear os finados. Os consumidores devem ficar atentos, pois poderão ser encontradas diferenças significativas nos preços dos produtos, em se tratando da maneira como são produzidos e comercializados”, disse.
Mileide ressalta que há no mercado uma grande variedade de opções e que o ideal é “se antecipar nas compras, porque, com mais tempo, o consumidor poderá verificar a qualidade aliada ao bom preço, bem como as formas de pagamento”.
É importante lembrar que a exposição de produtos à venda deve seguir os parâmetros estabelecidos pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), com informações claras e visíveis ao consumidor sobre preços, quantidades e formas de pagamento aceitas.
“Os cemitérios costumam fazer previsão de dados, mas é importante que se realize a pesquisa de preço, de confiabilidade do prestador de serviço para avaliar a qualidade e se o valor é justo, bem como o prazo para a conclusão desses serviços. E, em caso de dúvida, entre em contato com o Procon Assembleia”, disse.
O Procon Assembleia está localizado na Avenida Ataíde Teive, 3510, bairro Buritis, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. O órgão também atende via WhatsApp pelo número 95-98401-9465 e pelo site al.rr.leg.br/procon
O empresário Anselmo Martinez, dono do Cemitério Campo da Saudade, disse que no Dia de Finados devem transitar pelo local 50 mil pessoas. Ele explicou que as barracas externas são liberadas e coordenadas pela Emhur (Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional).
“Na parte interna do cemitério, não é permitida a venda de nenhum tipo de produto, a menos que as pessoas se cadastrem para essa finalidade. Vamos ter uma pessoa vendendo água. Mas também vamos ter apoio de algumas igrejas que vão doar água, e cerimônias religiosas, tanto evangélicas quanto católicas. A gente espera poder atender o anseio das pessoas que vêm aqui”, disse o empresário.
Irmãs de sangue e de profissão apostam em boas vendas
As irmãs Elzaides e Elzanides Alves dos Reis há décadas aproveitam a data para comercializar flores, coroas e arranjos para enfeitar os túmulos daqueles que foram sepultados no Cemitério Municipal Nossa Senhora da Conceição. A expectativa delas é vender em torno de R$ 15 mil.
Elzanides conta que aos 12 anos de idade confeccionou as primeiras flores para vender em frente ao cemitério. A iniciativa deu certo, e hoje, aos 74 anos, ela conta que a preparação para a data virou um costume que só vai parar quando estiver no outro lado, quando será também homenageada.
“Eu me criei na beira desse cemitério vendendo flores e ainda vou viver muito mais fazendo isso, pois para mim é um prazer, uma alegria. Eu quero fazer cada vez mais bonito, melhor e que caiba dentro do orçamento de todo mundo. Não gosto de explorar, gosto de ver a pessoa feliz. Quando a pessoa não leva, fico triste. Quero que fique feliz quem também vai receber as flores. Acho que é por isso que eu continuo aqui, porque tenho a ajuda do mundo espiritual”, observou.
As primeiras flores confeccionadas, contou Elzanides, foram feitas da caixa de cigarro da marca continental. “Comecei juntando aquele papel brilhoso do cigarro, que ficava do lado dentro da caixa. Deu certo! Depois, conheci uma menina que fazia flores na parafina, aí eu me encontrei. Quando meu filho morreu, quis parar, mas lembrei que ele era meu parceiro e era mais um motivo para continuar”, disse.
Ela aguarda ansiosa o Dia de Finados. “Minha expectativa para este ano é boa, vender tudo, mas sempre sobra uma coisinha”, afirmou a vendedora, que aceita todas as formas de pagamento.
A irmã dela, a autônoma Elzaides, tem 80 anos e empreendeu na profissão a convite da irmã, e há 12 anos faz parte da história dos que partiram e dos familiares que vão aproveitar a data para relembrar os entes queridos.
“Isso não é uma relação comercial, é também uma relação sentimental, porque a gente tem aquele prazer de nesta data alegrar aquelas pessoas muito queridas. É um dia em que eles vão estar mais presentes, é como se fosse uma comemoração ao vivo com eles. Eu acho gratificante”, afirmou.
Em alguns momentos, a expectativa dela com relação a vendas fica meio frustrada, mas a fé renova a esperança de boas vendas. “Olha, a gente tem uma expectativa sim, não podemos ter pensamento negativo, mas sempre positivo, que vai dar tudo certo. Este ano, nosso material é pouco porque está tudo caríssimo, então a gente calcula que, se vender bem, faz uns 15 mil”, acredita a autônoma.
Parente e amigos antecipam visitas
Parentes e amigos já começaram a visitar o túmulo dos entes queridos. A nossa reportagem encontrou quatro amigos limpando o túmulo da fotógrafa France Telles, falecida em agosto de 2017.
A viúva de France, a jornalista Rita Lira, que ainda tenta superar a perda, não conseguiu dar entrevista. A amiga Schynaider Matias, gerente comercial, disse que voltar para o túmulo é uma forma de tornar ainda mais viva a memória da France.
“Esse é um momento de lembranças, de muita saudade. A gente procura vir antes por causa do movimento do dia 2, e também para acompanhar a Rita, pois são duas pessoas que moram no meu coração, coração que fica apertado nessas horas porque é uma pessoa que faz muita falta”, disse.
O amigo Manoel de Souza Neto contou que considera a amiga uma irmã e que não poderia deixar de homenageá-la. “Eu não tenho palavras para definir a France, porque ela é muita coisa. É minha irmã, a pessoa que amarei eternamente. Esse é um momento de nostalgia, de lembranças boas de tudo que nós vivemos juntos”, afirmou.
A professora aposentada Lirian Nascimento antecipou a compra de flores e coroas porque vai viajar para o interior, onde os avós estão sepultados. “Estou antecipando porque vou para o sítio, onde eles foram enterrados, mas sempre venho antecipadamente, independentemente do Dia de Finados”, contou.
Texto: Marilena Freitas
Foto: Eduardo Andrade
SupCom ALE-RR